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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Nada de Valle Nevado para crianças


Chegamos do Chile a quase 24 horas e estava doida para dividir nossa experiência com vocês. Infelizmente o que vou contar agora vai de encontro a meses de expectativas e de tudo o que imaginei que seria nosso dia na neve. Em nenhum dos sites e blogs consultados me falaram da realidade nua, crua e fria do Valle Nevado e criei um cenário que não existiu para nós.
Saímos de Santiago às 7h da manhã, a uma temperatura de cerca de 6oC e partimos de van para as montanhas. No nosso pacote estava o traslado de ida e volta e os equipamentos de esqui - leia-se esquis, bastões e botas. No caminho uma funcionaria da agencia de viagens procurava saber quem queria alugar roupas, tamanho e peso de cada um de nós. Lembrem-se que as roupas e luvas devem ser impermeaveis e são essenciais! Alguns quilômetros adiante paramos em um prédio, onde funcionarias nos aguardavam com maquinas de cartão de credito para pagar o aluguel das roupas. Iniciamos então a subida da Cordilheira. São 16km de pré-Cordilheira com subidas e curvas "lights". As 40 curvas seguintes são de fato 'tensas' e, como já estávamos aguardando, tentávamos curtir as curvas de cerca de 180 graus montanha acima. Loly, que costuma enjoar, estava medicada com Dramin e meio sonolenta. 
Paramos em Colorado para nos equiparmos e foi ai que começamos a sentir o efeito da altitude. Um lance de escadas com uns 10-12 degraus quase matou a todos nós. Vestimos roupas, luvas, botas (desconfortáveis, apertadas, pesadas e que causam dor) e nos entregaram nossos bastões e esquis. Cada um deve cuidar do seu equipamento. Mas e minha filha de 10 anos? Numa altitude de mais 3.000 metros? Mas lá vamos nós, mais algumas curvas acima até o Valle Nevado. 
Chegando lá fomos levados escadaria acima até a entrada da estação de esqui (gôndolas e teleféricos), onde fomos recebidos pelo nosso instrutor nervoso e grosseiro, pois estávamos 40 minutos atrasados - como se a culpa fosse nossa! O cara perguntou o nome de Loly e foi dizendo: "Aqui é cada um por si, Loly. Esqueça que tem mãe." Então ele saiu velozmente à nossa frente, enquanto eu, Loly, Beto, meus pais e minha irmã nos batíamos para andar com aquelas botas e carregar nossos equipamentos enquanto nos faltava o ar. Chegamos a pista onde teríamos aulas e nem conseguíamos olha para o lado e contemplar o visual. Loly estava péssima, Beto pior ainda... Pararam para sentar e ver se melhoravam enquanto o instrutor gritava conosco. Minha mãe caiu e pensei que ninguém iria ajudar. Outro funcionário da estação ajudou de cara feia e ela desistiu. O mesmo aconteceu com minha irmã. Ficamos na aula apenas eu e meu pai. Ao final de cerca de 90 minutos entramos no único "restaurante" que há ali: BAJO ZERO. Tudo caríssimo e com filas quilométricas. Comemos os nuggets e pasteis mais caros do hemisferio Sul! Depois de me certificar de que todos estavam bem, dentro do possível, decidi esquiar com meu cunhado. 
Fomos descendo as pistas iniciais e decidimos descer a montanha até a gôndola principal. Foi tudo ótimo até a maior queda. Fiquei lá, largada vendo centenas de esquiadores passarem por mim velozmente, inclusive funcionários do Valle Nevado. Um deles se dignou a parar e me ajudou a subir de volta ao esqui. Quando o questionei se a base estava longe, ele respondeu balançando a cabeça para cima e para baixo e sumiu na neve. Em outra queda, um brasileirinho de cerca de 12 anos foi quem me ajudou! Ah! amo os brasileiros... Aos trancos e barrancos chegamos à base e voltamos para buscar os outros. Cada um carregando seu equipamento, descemos de gôndola e tiramos uma foto, felizes... Por estarmos inteiros e por estar acabando aquele dia. Nada de bonecos de neve nem anjos de neve, já que o gelo era muito duro, sem neve nova. Nada de esqui em família já que a maioria passou mal com a altitude ou a atitude do professor. Nada de expectativas realizadas e, finalmente, nada de vontade de voltar! 
Mas... Ainda faltava a viagem de volta. Estrada cheia de névoa, frio de rachar e muito mais enjôo do que na subida. Ainda bem que ainda tinha Dramin para Loly e minha mãe. Depois de a van raspar um guard-rail, prometi aos meus Guias que se Eles nos tirassem dali seguros, eu não voltaria MESMO!
Enfim, não volto ao Valle Nevado e, definitivamente, não recomendo essa viagem para crianças. Passei o resto da noite me sentindo culpada por ter levado minha família e, principalmente minha filha, a um destino que nos trouxe varias frustrações: a subida é bem difícil, a altitude mexe MESMO com a gente, os instrutores são grosseiros e despreparados e os funcionários da estação não nos dão nenhuma assistência durante as descidas. 
Sei que este pode não ser um post que vocês gostariam de ler... Mas eu bem queria ter tido essas informações a tempo. 

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